terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Pérola


Houve tempos em que minha maior diversão era escrever. Era sentar á qualquer momento do dia e escrever textos que eram quase um divã, e-mails pra alguém falando sobre ele, sobre mim, sobre nós. Sobre o dia longo, a tarde quente, noites vazias e certas vontades. E hoje, limpando os e-mails daquela conta antiga, eu me deparei com os trechos daquela época, escritos por mim e pela Pérola (Por Onde Andará?) com todos os sentimentos possíveis, todas as verdades e aventuras dos nossos corações, ditos um ao outro.
Era incrível como a gente se entendia, sem eu nem ao menos ter conhecido ela, as histórias tinham a ver, os castigos, as diferenças. Chega á ser redundante, bobo, adolescente demais.

"meu dias têm sido estranhos, um após o outro, como uma dança que tem seus momentos, seu auge, e depois morre. eu estou no auge."

Era o momento em que eu me afogava em tantas coisas, como agora, e que também era feliz, e um pouco sozinha também. Gostava mais dos livros e me apaixonava tanto.

"tudo o que eu escrever aqui vai ser assim, meio lá, meio cá... dispersa, ouvindo mais o coração do que qqer outra coisa, de mal com o word e com a gramática, com sede, com sono, dramática e sincera. e sei lá mais o que. "

A Pérola era uma amiga que nunca me viu tagarelar numa tarde quente numa mesa de bar, nem deu risada das minhas piadas sujas; Ela nunca viu minhas unhas bonitas, ou feias. Nem acompanhou meu silêncio, ou sequer me acompanhou por aqueles caminhos que eu sempre acho que conheço. A Pérola chegou em mim por causa do Bukowski e alguns versos que eu gostei. Nunca gostei das musicas que ela gostava, e nunca soube realmente qual era a altura dela.

"estou de maletinha plástica de rodas num cyber, sem saber BEM pra onde ir mas indo. vou visitar a catalunya. descobri que a espanha, na verdade, nao existe. o que é a espanha?"

Mas agora só ficou saudade, e a vontade de um dia ir ao Rio pra gente passear no bairro das Laranjeiras, e sorrir porque eu sempre vou ver meio assim e ela também. Eu vou usar uma flor no cabelo e vou observar as pessoas, enquanto ela gesticula e diz: "é paula, você existe mesmo!"

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