terça-feira, 11 de maio de 2010

She looks like the real thing.

Desde criança nunca gostei de aniversários ou qualquer tipo de comemoração que me envolvesse, e que eu fosse me tornar o centro das atenções por mais de dez segundos. Minha cara de “me tira daqui” durante o parabéns, só não era melhor graças á minha timidez, e minha mãe que me jurava tabefes se eu não sorrise. E claro, eu ganhava vários. Uma vez cantaram parabéns pra mim na sala de aula, e eu senti mais vergonha do que no dia que meu dente da frente caiu. Das poucas festas que minha mãe organizou em casa, me lembro das crianças nefastas que surgiam querendo que eu abrisse MEUS presentes pra ELAS brincarem, da espera por aquele tão sonhado presente que nunca me davam, e das toneladas de chantilly com aquelas bolinhas de alumínio que minha tia adorava enfeitar o bolo. Esse, que nunca tinha o recheio que eu gostava. Sempre de pêssego, ameixa, figo, qualquer coisa bizzarra... brócolis! Menos o doce de leite, que eu tanto queria. Os pães de fôrma com patê, os doces que minha mãe sempre errava e fazia brigadeiro com o preparo do cajuzinho. As tubaínas trazidas pelos meus tios, e eu enchendo as bexigas de água, e levando bronca por isso, tem um toque estranho de nostalgia. Uma das recordações mais marcantes é sem dúvida quando eu acreditei por meses que ganharia a boneca tão sonhada e desejada por todas as meninas da década de oitenta: A barbie “noiva”! E ela estava lá, na caixa rosa pink e eu a vi sendo entregue para uma das minhas primas, que fez o favor de comemorar o aniversário junto comigo, enquanto eu tive que me contentar com o kit cozinha de plástico, que continha diversos legumes e uma faca. Sim, uma faca. Hitchcok me pagaria milhões por essa história contada detalhadamente, e Freud riria de mim. Riria hoje, até doer a barriga. Mas é porque ninguém entende que fazer aniversário não é legal, e quem disser que gosta está mentindo, é bobo, feio e chato. Ainda mais nós mulheres, quando nos deparamos com menininhas ovulando e causando por ai cada vez mais cedo, indo em balada de adulto e o pior, usando maquiagem própria. Meu primeiro sutiã veio antes do meu primeiro rímel, e hoje em dia já existe o kit: rímel, lápis de olho, sombra, chapinha, reparador de pontas, salto alto, cigarro, silicone e só então vem o sutiã. E um CD do Fresno, ás vezes. E é assim mesmo que acontece. Tudo bem, nem tudo é um fracasso na minhas recordações. Mas chegou uma época que eu não me importava em não comemorar. Mas essa semana é a minha vez denovo, e não sei se não vou me importar, mas apesar de tudo vai ser um dia normal como qualquer outro. Vou trabalhar, pegar ônibus lotado, fila pra tudo, mais ônibus lotado, estudar, casa e a coisa toda de todos os dias. E vez ou outra vou me comparar com alguma menininha que provável e obviamente será mais nova que eu, e achar isso tudo uma grande babaquice. Isso de se importar e escrever texto sobre aniversário, de se achar velha e cafona por ainda saber as músicas do primeiro disco do Backstreet Boys, e não saber para que serve o Formspring. Mas tudo bem, não vai mudar muita coisa. E minha tia não vai se lembrar qual é a data, e graças á isso, não vai ter recheio de figo, quiçá um bolo. Mas não me importo. E quando o sol nascer no dia 14 de maio, eu vou sorrir. Prometo.

Um comentário:

Daniel Barros disse...

Espero que ao menos este ano, assim como nos últimos 2, você não se emporte em sorrir, ainda que envergonhada com a cabeceça em meus ombros. Que você descubra que ficar mais velha é tão natural quanto um filhotinho de beagle que num dia mal consegue subir um simples degrau de escada e no outro pula 4 com facilidade. Que o ciclo da vida é assim. O destino é as cinzas, para de lá renascermos. O que mais importa é como você vive até lá, oq vc fez que vale lembrar e sorrir. Desejo de coracão fazer parte de alguns belos momentos deste.